quinta-feira, abril 20, 2006

No silêncio


Acordo julgando ter vivido em clima potencialmente ameaçador. Abrando a confusão que parece ter origem secular, confundindo as mais variadas crenças da vida e do amor, nesta realidade contemporânea. Inicio automáticamente um processo de avaliação das relações e em linhas gerais faço uma passagem, em figura de script, que ainda mais me confunde. O estado dos factos, a amplitude dos sentimentos, a diversidade de sensações, parece não corresponder a nada, por faltar o objecto de referência. Como um eixo de confrontação ou uma linha de divisão simétrica duas partes são diferentes e tão iguais... Se inicialmente o limite era claro, sinto-me agora sem limites... não consigo detectar o reflexo que devo desenhar, os limites do meu desenho estão imprecisos ( não entendo as coordenadas). Sinto um ardente desejo de ordenar e arrumar os acontecimentos, pressinto que isso seja essencial na conservação da paz e da calma...não quero, em momento algum, deixar-me dominar pelo pânico, devo por isso combater os medos...
Quando chegas, pareço recuperar o espírito perdido, transportado e pensamentos para lugares onde não se encontra o meu corpo... Depressa, vem que se faz tarde... Se anoitece quado abro a janela de manhã , espero em ansiedade o esclarecimento desta sensação e embora seja futil o acontecimento, traz muitas sensações à memória...
É sempre o silêncio que chega nestas horas de diálogos contidos, as palavras que não se dizem, os desejos que não se exploram, as vontades que não acontecem, os factos que não têm vez...como uma parede oposta que tudo vive na imaginação...sentada na cama, tudo vam à memória.
Não existem suspiros de alívio, fico gradualmente louca, sacudo-me julgando estar em retrocesso, em marcha atrás...tudo crenças, valores e educação. Onde fica a paixão? Que mundo és este que resolveu viver achando que a razão é o bem. Não preciso deste conselho, não quero este ruído...faça-se silêncio quando te escuto.